E pronto a lei da atracão tem destas coisas. As pessoas vêm ter comigo e falam, sem me conhecer falam, das coisas mais inusitadas, intimas. E falam.
Hoje uma senhora, que nunca tinha visto, veio ter comigo e disse: T0, um T0 era o que eu queria. E a olhar e a apontar para um Srº que depois percebi ser seu marido.
Eu ia mas era para um T0 e pedia o divórcio.
Eu com o meu ar angelical: desculpe? Ele é muito boa pessoa, responde-me, mas eu não o aguento mais! A Srª já com os seus 70 e poucos anos continua a explicar, o meu primeiro marido, que Deus o tenha, é que era tão bonzinho, mas agora este, que já vai no 3º casamento, eu não o aguento mais.
Ele é muito boa pessoa, mas tem muitos traumas (de guerra), não lhe posso dizer nada, os filhos dele roubam-me e ele não me dá carinho.
Eu após ouvir a conversa toda disse-lhe: então ganhe coragem e procure um T0!
Há mas ele é tão boa pessoa.
E eu pensei para mim: custa tanto tomar a decisão, custa tanto dizer Chega, custa tanto avançar, mudar, sair, partir, deixar..
E depois pensei, pera lá, isto é-me familiar.
Vamos fantasiando com eu vou sair, vou pedir divórcio, vou pedir um tempo, vou meter-lhe medo, para ele sentir a minha falta. Vamos fantasiando e enquanto não avançamos, isto corrói. Mata. Este sentimento fica aqui a moer. Primeiro não conseguimos olhar bem para ele, depois os sapatos fora do sitio chateiam. Depois o lixo na cozinha magoa. O não reparar em nós irrita. E vamos apodrecendo o sentimento. E assim chega o DIA D, e esse dia já não vai trazer tanto alivio é apenas a certidão de óbito. A confirmação há tanto esperada. O acontecimento marcado. E afinal ele não é assim tão bom como esperávamos. Apenas dói. Ou então, já nem se sente.
Até lá vamos fantasiando.
Hoje uma senhora, que nunca tinha visto, veio ter comigo e disse: T0, um T0 era o que eu queria. E a olhar e a apontar para um Srº que depois percebi ser seu marido.
Eu ia mas era para um T0 e pedia o divórcio.
Eu com o meu ar angelical: desculpe? Ele é muito boa pessoa, responde-me, mas eu não o aguento mais! A Srª já com os seus 70 e poucos anos continua a explicar, o meu primeiro marido, que Deus o tenha, é que era tão bonzinho, mas agora este, que já vai no 3º casamento, eu não o aguento mais.
Ele é muito boa pessoa, mas tem muitos traumas (de guerra), não lhe posso dizer nada, os filhos dele roubam-me e ele não me dá carinho.
Eu após ouvir a conversa toda disse-lhe: então ganhe coragem e procure um T0!
Há mas ele é tão boa pessoa.
E eu pensei para mim: custa tanto tomar a decisão, custa tanto dizer Chega, custa tanto avançar, mudar, sair, partir, deixar..
E depois pensei, pera lá, isto é-me familiar.
Vamos fantasiando com eu vou sair, vou pedir divórcio, vou pedir um tempo, vou meter-lhe medo, para ele sentir a minha falta. Vamos fantasiando e enquanto não avançamos, isto corrói. Mata. Este sentimento fica aqui a moer. Primeiro não conseguimos olhar bem para ele, depois os sapatos fora do sitio chateiam. Depois o lixo na cozinha magoa. O não reparar em nós irrita. E vamos apodrecendo o sentimento. E assim chega o DIA D, e esse dia já não vai trazer tanto alivio é apenas a certidão de óbito. A confirmação há tanto esperada. O acontecimento marcado. E afinal ele não é assim tão bom como esperávamos. Apenas dói. Ou então, já nem se sente.
Até lá vamos fantasiando.
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